Em fevereiro viajei ao Peru.
Experiência marcante. País fantástico. Um dos aspectos mais realçados é a culinária do país. Nela, a profusão de espécies vegetais não é trivial.
O milho é diferente, a batata também. Frutas nunca vistas por mim em quaisquer dos vinte poucos países por onde já andei... Se quisermos pensar um pouco mais sobre a diversidade culinária do país, seria um exercício interessante pensar no Ceviche. Uma refeição que leva quase dez ingredientes e é absolutamente trivial no dia-a-dia do peruano. Para quem não conhece, vale a pena conhecer!
Infelizmente, ontem, tive acesso a pesquisas que apontam a diminuição absurda de variedades vegetais que são comercializadas no planeta. O Perú é especial também nisso: preserva uma diversidade que tem se tornado a exceção, não mais a regra...
A monocultura de espécies vegetais, nos Estados Unidos e em boa parte dos países desenvolvidos, tem sido fortemente promovida pelo sistema patentário, que vem permitindo a produção de sementes padronizadas, com baixíssima variabilidade genética. Para quem tiver interesse sobre o tema, favor conferir o filme: The future of Food.
A reflexão que fez voltar ao Peru, hoje, tem por base algumas idéias (conceitos) de um economista da Escola de Chicago. Stigler aponta que as questões mais básicas da regulação tramitam pelos interesses dos participantes do "jogo regulatório".
Este jogo, para o economista de Chicago é interpretado pelos "produtores de regulação" e pelos "demandantes de regulação" (e neste último grupo se inserem os consumidores e as corporações). Para Stigler, a tendência natural do "jogo" é que as corporações (em detrimento dos consumidores) logrem sucesso no convencimento dos produtores de regulação (congressistas, e.g.). Quanto aos consumidores, paciência... (é importante lembrar aqui que os consumidores são a melhor aproximação do que convencionamos chamar de cidadãos)
Se no Peru a diversidade ainda é motivo de celebração, no Brasil, o cenário não é tão bom assim. Quando se vê o processo negocial que promoveu a aprovação (na Câmara) do novo Código Florestal, pouca coisa anima...
A bola agora tá com o Senado. Espero que não levemos uma "bolada nas costas", como diria um grande amigo carioca...
Parabéns, meu amigo. Texto muito bem elaborado e de uma percepção muito consciente. Fico muito alegre de poder ter acesso a estas tuas idéias. Sou, cada vez mais, teu fã, brother. Abraço forte!
ResponderExcluirMarcos Pena Júnior
Como o texto passeia por vários "ambientes", vou me ater ao Ceviche! Realmente, para quem não conhece, vale a pena conhecer...Aqui em BSB, um belo Ceviche pode ser apreciado no Cocô Bambu! Identificar os ingredientes é uma arte, talvez só decifrada com uma visita ao Império Inca!
ResponderExcluir[]'s
L.E.
Fiquei com água na boca pra conhecer o Ceviche...
ResponderExcluirE sua aula foi excelente!!!
Um grande beijo,
Naurinha