sexta-feira, 28 de outubro de 2011

Nova Iorque: de "cidade inesgotável" a "poço sem fundo"...

Ontem, o dólar perdeu valor contra o real, um dia de entusiasmo. Com limites, é claro!

Após semanas de indefinição na Europa, foi aprovado o pacote econômico de enfrentamento à crise. As bolsas registraram altas significativas ao longo do dia. Só no IBOVESPA, quase 4% de valorização média. 

Assisto hoje (de madrugada) à televisão quando me surpreendo com novo problema. Aliás, nova, só a notícia. O problema já tem alguns anos. Mas como já dissemos no post sobre Paris e a Chapada dos Veadeiros, agora o "humor" não tá legal...

Em Nova Iorque, centro financeiro global e sede da principal bolsa de valores do mundo, o jornalista aborda, num grupo de pessoas acampadas e "ocupando Wall Street" (para quem quiser aprofundar, vale a pena dar um "Google" na expressão "occupy Wall Street"). 

A estudante relata desanimada: está devendo (sozinha) quase R$100mil. E não tem nem ideia de como vai pagar a dívida. 

Estátua símbolo do mercado outrora "altista" da bolsa de Nova Iorque

Agora, o problema (desculpe, a notícia) é que o endividamento dos estudantes americanos multiplicou por sete na última década. Agora o saldo devedor no "FIES/crédito estudantil" dos EUA já acumula quase 600 (seiscentos) bilhões de dólares. Detalhe: sem vagas abertas, os estudantes estão se formando sem conseguir ingressar no mercado de trabalho (o desemprego alcança níveis recordes). Sem renda, inadimplência direta. Isso é a explicação microeconômica. Triste, mas tolerável...

Já não tolerável é a mesma notícia dum ponto de vista macroeconômico: a sistemática/problemática é igual a das hipotecas: dívida securitizada. Ou seja, o credor original transforma o contrato de dívida em título negociável. Aí é que o problema surge. Como há uma cadeia "não rastreável", não se consegue mensurar exatamente o nível de exposição de cada agente a tais ativos financeiros e a suas derivações exóticas. 

World Financial Center, visto do rio Hudson (2006)
Explicando melhor: antes o credor "carregava" o contrato até o final. Eventual calote já tinha um destinatário certo. Agora, não. Vários agentes econômicos negociam tais "contratos-títulos" e não se sabe bem a exposição de cada um a este tipo de ativo. E pode confiar: a incerteza é o pior dos venenos no mercado financeiro. Eu até arriscaria: para quem teve infância, equivale à "criptonita" posta frente ao "Superman".
Lower Manhattan vista do Hudson
Passemos à parte "boa" do post: Nova Iorque é fascinante! A capital econômica do mundo. Lá pode-se entender a razão pela qual se chama um edifício de "arranha-céu". Para quem admira arquitetura, é uma experiência inesquecível. 

Gravura do Chrysler Building, no hall do edifício


Torre principal do Rockefeller Center

O edifício-sede do Citigroup, na terceira avenida
Visitamos a cidade em 2006, no mês de março. Frio! Como é uma cidade litorânea, as temperaturas baixas são potencializadas pelos ventos. Ou seja, se for nessa época, por favor: capriche no agasalho.

Outras dicas importantes:

- Tem acontecido muitas promoções para os trechos aéreos entre Brasil e Nova Iorque. Se dispuser de tempo para planejar, vale a pena conferir a emissão de bilhete-prêmio com milhas. Pela TAM é possível emitir a partir de 40 mil milhas, ida e volta. 

- Hospedagem: se você estiver disposto a enfrentar uma das precificações mais "duras" do mercado da hotelaria internacional, pode ficar em Manhattan. Caso contrário, eu recomendaria algum hotel em Nova Jersey.

Só para dar um exemplo: No AmeriSuites Secaucus, situado à 575, Park Plaza Drive, Secaucus, New Jersey, você consegue pagar uma diária que deve ficar por um terço do preço cobrado na ilha e o "plus adicional a mais" é o seguinte: dá pra pegar um ônibus regular que deixa você na rodoviária de Nova Iorque, em plena rua 42. Nos dois sentidos, tanto pra ir quanto pra voltar. 

Foto tirada na janela do Amerisuites, com Nova Iorque no horizonte.
A alguns blocos da rodoviária estão várias atrações: Times Square, Chrysler Building, Fundação Ford, Grand Central Station, enfim: muita coisa interessante perto! Com uma diária em torno de 90 dólares, se consegue hospedagem confortável e bom café da manhã, para dois. Enfim, boa relação custo-benefício.

- Transporte: não há dúvida, o metrô é a melhor alternativa. Única ressalva ao modal de transporte: evite tomar metrô de madrugada. É um dos sistemas metropolitanos mais "cinzentos" do mundo. Se fosse noutro lugar eu até arriscaria: muito sinistro! Há passes diários que dão acesso ilimitado por horas consecutivas. Isso permite que se conheça vários pontos da cidade. Evite de todas as formas o aluguel de carro: não arruíne seu projeto de viagem. Tudo relacionado ao uso do carro é caro. Tanto em termos financeiros quanto em termos de tempo. Há muitos congestionamentos. Resumo: fuja da superfície, vá para o "caminho subterrâneo" ou "subway".
Exemplo típico do tráfego em Nova Iorque
Quanto aos passeios e gastronomia, vou simplificar nossas vidas: compre um guia só pra NY. Essa cidade é inesgotável em atrações... Há opções para vários gostos. Se você tiver pouco tempo para visitar ou se quiser fazer o esquema mochilão, lá vai a dica: o site da Hostelworld tem um guia de bolso, com três páginas em que dão dicas valiosas sobre como maximizar a utilidade de cada centavo de dólar. E aproveitar cada segundo na cidade. Ele tem uma coluna em que dá um roteiro básico pra quem tem apenas um dia. Vale a pena conferir.

Só arriscaria três dicas: 

1. Reserve um bom pedaço de seu dia para caminhar pelo Central Park. 

2. Não perca a visita ao Empire State. Do topo, se pode observar toda a ilha. Dá uma olhada na foto abaixo:


 3. Não deixe de cruzar a Brooklyn Bridge, à pé. Tome um metrô até o Brooklyn e volte caminhando. Vale a pena!

Vista da Brooklyn, desde a Manhattan Bridge.
Agora, depois dessa notícia sobre a estudante, me dou conta de que esta crise está pondo "em xeque" a estrutura da economia. Cidades (exemplos típicos da capacidade econômica de uma sociedade) que antes pareciam inesgotáveis, agora aparecem (num plano secundário) como cenário de um "poço sem fundo"...

Isso faz pensar sobre "castelos de cartas".